A HISTÓRIA:Um dos mais sensacionais casos dos arquivos dos experientes investigadores de atividades paranormais, Ed e Lorraine Warren, começa com a luta pela alma de um jovem rapaz, levando-os para além de algo que nunca antes tinham visto. Pela primeira vez na história dos Estados Unidos da América, um suspeito de homicídio declara estar possuído por um demónio para se defender.

Nos cinemas a partir de 3 de junho.

Crítica: Hugo Gomes

Que consequência terá a legitimação “o Diabo obrigou-me a fazê-lo” na defesa de um assassino num sistema jurídico? A questão pertinente é colocada durante os créditos finais deste terceiro “The Conjuring” com as imagens reais de uma entrevista com os verdadeiros Ed e Lorraine Warren sobre as eventuais “portas abertas” que poderia suscitar o mediático caso de Arne Cheyenne Johnson, o jovem que, em 1981, alegou ter sido possuído por entidades demoníacos que o levaram a cometer um brutal homicídio.

Qualquer debate sobre esta reflexão no campo da justiça norte-americana é inexistente no filme, tanto mais que a saga sempre teve a “audácia” de branquear a ambiguidade do trabalho dos investigadores (muitos casos mediáticos comprovaram-se como farsas, como o do poltergeist de Enfield, ocorrido entre 1977 a 1979, que inspirou o segundo filme) e limita-se a um simples punhado de sustos.

Ou, pelo menos, é o que nos prometem: sem James Wan na direção e com Michael Chaves, vindo da “A Maldição da Mulher que Chora” (também pertencente a este universo), a saga “Conjuring” parece estar a perder gás. A substituição de um realizador nota-se a léguas e já não existe aquele trabalho para com os espaços e o cálculo dos “jump scares” como parte de um teatrinho de horrores com que Wan sempre nos brindara.

O que sobra? A mera condução formatada, aproximando a saga ao que sempre foi e que muitos têm negado ao recitar a chamada "política dos autores”: um genérico “filme de terror de estúdio”. Para além da previsibilidade, o mecanismo de sustos perdeu elegância, apoiando-se em montagens rápidas e amontoadas umas nas outras sem qualquer dicção, uma situação agravada patologicamente pelo estapafúrdio climax (já tão habitual neste tipo de produções).

De resto, são as historietas dos costumes e de costureiras. Vera Farmiga e Patrick Wilson, os ditos Warren, são os únicos pontos de interesse nesta intriga (pudera, tiveram dois filmes de avanço para a construção das personagens). As sobras são meros adereços, bonecos e atalhos para as atrações fatais dos "sustos" com que bem estamos familiarizados. Depois disto, há que brandar aos céus e pedir a todos os “santinhos” que se encerre de uma vez o capítulo dos Warrens, investigadores do paranormal beato para alguns, burlões para outros.

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