A HISTÓRIA: Um cientista descobre uma forma de reviver o seu passado. Usa uma tecnologia inovadora para procurar o seu amor perdido, há muito tempo. A história leva-nos para um mundo submerso e água, onde Miami tem uma paisagem diferente, assim como outras cidades muito conhecidas espalhadas pelo mundo.

"Reminiscência": nos cinemas a partir de 19 de agosto.


Crítica: Hugo Gomes

A certa altura, perante um ato de caridade em "Reminiscência" e como um pretexto para a continuidade do seu negócio, o de (re)viver memórias passadas, Hugh Jackman afirma que "a Nostalgia nunca passará de moda".

Nesse preciso momento, a indústria do cinema deve ter-se rido nervosamente. Como bem sabemos, tem sido a nostalgia a base de grande parte das produções atuais dos principais estúdios de Hollywood e o resultado de alguns êxitos de bilheteira. Por outras palavras, uma reavivação de memória, tal como o ofício da personagem de Jackman.

No caso desta distopia realizada e escrita por Lisa Joy, uma das mentes criadoras da série "Westworld" (nota-se o fascínio pelos simulacros), em parceria com o irmão de Christopher Nolan, Jonathan (também aqui presente como produtor), o lado nostalgico é proveniente da fusão de géneros que "Reminiscência" assume, desde o "film noir" a embater no sufixo neo (a narração profunda de Jackman, o lado "detectivesco", as perdições envoltas de uma "femme fatale") até à ficção cientifica branqueada com notas soltas de politiquices. Só que aqui se trata de um "embrulho" com pretensões de sofisticação, alicerçado numa tendência, a de aspirar ao espetáculo "nolanizado".

O resultado é um filme romanesco e tecnodependente que se depara com uma artificialidade atroz, quer na resolução da sua intriga, quer na relação entre as suas personagens, mesmo que a quase imaculada Rebecca Ferguson tente acrescentar nuances à sua boneca de papelão. Por raros momentos, encontramos em "Reminiscência" o filme que nunca chega a ser, que procura entre o seu entulho uma simbologia, como aquela que é despejada no auge da sua epifania (acreditamos que isto funcione mais no papel do que no ecrã).

Mas nada parece resultar, tudo deambula pelas referências, pela pseudo-conversa filosófica e de cunho novelesco ou pela estética vincada e igualmente modelar, para no fim nos entregar algo simples e longo, e irritantemente pretensioso. Aqui, nem a dita nostalgia consegue transformar este espectáculo de Hugh Jackman numa perduradora moda. Foram milhões em vão.

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