Em data de efeméride redonda (50 anos dos assassinatos Manson), estreiam quatro filmes com narrativas centrais ou tangenciais aos eventos de 1969: "O Espectro de Sharon Tate", "Era Uma Vez... em Hollywood", "The Manson Family Massacre" e agora "O Culto de Manson" ("Charlie Says" no original) exploram o assombramento da figura magnética de Charles Manson e o controlo sobre os seus seguidores.

Mas neste novo filme de Marry Harron, realizadora de "American Psycho", o foco não está no monstro que terminou abruptamente a era do “peace and love”, mas nas “Manson Girls”, as raparigas influenciadas pela sua palavra, pelos seus ideais, dispostas a seguir o que "Charlie Says".

Leslie Van Houten (Hannah Murray, a Gilly de "A Guerra dos Tronos"), Patricia Krenwinkel (Sosie Bacon) e Susan Atkins (Marianne Rendon) encontram-se detidas (estranhamente, de acordo com o filme, em celas adjacentes) a cumprir uma pena de prisão perpétua. Procurando reestruturar as suas crenças, é-lhes atribuída a possibilidade de estudarem vários temas sobre a alçada de Karlene Faith (Merritt Weaver) e assim talvez quebrar o feitiço imposto no famoso rancho.

Com recurso a "flashbacks", viajamos às memórias do "Spahn Ranch", onde o patriarca, profeta, louco abusador Charles Manson (Matt Smith), exercia o seu poder pela ira, desprezo, tensão sexual e claro, drogas. Tudo inflamado pela raiva sobre a rejeição e humilhação de não se ter conseguido tornar uma estrela "pop". Mas também pela idolatração da sua família de tresmalhados, que individualmente tanto eram “espelhos” de Manson... como os seus “soldados”, dispostos a matar o ego.

Na cela, o objetivo de Karlene é o de resgatar a personalidade e os ideais perdidos de cada uma das raparigas, questionando-as sobre os seus valores e os seus pensamentos, procurando reumanizá-las. Isto porque as citações de Manson estão sempre na ponta da língua, bem como o olhar vazio e o sorriso infantil, que acaba por ser mais perturbador do que se possa imaginar (crédito para a interpretação de Hannah Murray).

Em "O Culto de Manson", a realizadora Mary Harron objetivamente desconstrói os níveis de profundidade na alienação delas, criando uma busca da liberdade mental, da conexão com o espírito individual e da expansão da consciência. Mas deixa ao nosso critério definir se as assassinas obedientes foram vítimas ou tiveram igual culpabilidade nos atos horríficos que materializaram a morte do ego e tristemente as celebrizaram.

"O Culto de Manson": nos cinemas a 19 de setembro.

Crítica: Daniel Antero

Trailer:

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