A HISTÓRIA: Jim Hanson, um ex-atirador de elite do exército, quer simplesmente viver a sua vida solitária junto à isolada fronteira entre os EUA e o México. Mas tudo muda quando ele testemunha a morte de Rosa, uma emigrante que fugia de um perigoso cartel de droga com o seu filho, Miguel, de apenas 11 anos. À beira da morte, Rosa implora a Jim que proteja o seu filho e o deixe em segurança com a família. Para cumprir o que prometeu à mãe do rapaz, Hanson faz-se à estrada com Miguel, fugindo dos assassinos que o perseguem. Os dois conseguem lentamente ultrapassar as suas diferenças e entre ambos nasce uma amizade improvável...

"Missão Inesperada": nos cinemas a partir de 10 de junho.


Crítica: Daniel Antero

Que Liam Neeson tem "capacidades especiais" desde "Taken" (2008) já sabíamos. Que era preciso esfregar-nos isso na cara, talvez não. Ano após ano é estreada uma nova iteração cinematográfica em que a sua "persona" amargurada, áspera, mas de coração nobre e cheio, enfrenta um manancial de vilões prontos a tirar-lhe o que tem de mais querido.

Neste “Missão Inesperada”, Neeson é Jim Hanson, um Marine tornado rancheiro, isolado na fronteira do Arizona e México, que protege o jovem Miguel (Jacob Perez) de um cartel de assassinos enquanto o tenta juntar com os seus familiares em Chicago.

Pelo potencial de ter duas personagens tão díspares - Miguel e Hanson - onde a idade e a barreira cultural são os pontos de colisão, e de poder dar a Liam Neeson a oportunidade de mostrar o seu lado mais vulnerável, “Missão Inesperada” ainda desenvolve um interesse emocional convidativo. Aliando isso à cadência lacónica inspirada no western clássico e suportada pelas belas paisagens emergentes de um "road-movie", podíamos ter aqui um drama mais que thriller à moda de Clint Eastwood.

Até que a fórmula narrativa entra em ação e não há como ignorar os pontos problemáticos, convenientemente articulados para tornar a vida mais complicada à dupla. Pois bem: Jim não tem smartphone (não quer que lhe telefonem), usa o cartão de crédito enquanto foge e mal sabe que o cartel tem meios de busca extraordinários, quase absurdos; já Miguel marca num mapa obsoleto um círculo bem vincado, delineando o seu destino... ignorando que possa cair nas mãos dos seus perseguidores.

Com um tiroteio final bem desenhado, antecedido por muito jogo do gato e do rato, este filme tem pretensões de Eastwood sem argumentos, com a cópia/homenagem ainda mais evidente quando vemos Jim a ver na televisão "À Sombra da Forca" (1968), do próprio Clint. Mas o co-argumentista e realizador Robert Lorenz (assistente de realização e produtor há 25 anos do mestre), fica-se somente pelo intuito aspiracional, pois o avanço sem tensão e as incongruências deliberadas fazem deste “Missão Inesperada” uma experiência morna e insípida.