Em 2017, algures entre a sequela e o "reboot", “Jumanji” descobriu uma nova vida na densa selva da indústria de Hollywood, com Dwayne “The Rock” Johnson no comando e obviamente mais uns rodriguinhos.

Voltemos a 1995 e ao primeiro "Jumanji" sob os ecos de “What year is it?” na deliciosa histeria de Robin Williams (um ator de quem sentimos tanta falta!), para entendermos o culto gerado por uma sofisticada fantasia para miúdos e graúdos. Apesar de ter envelhecido bastante mal, nomeadamente nos efeitos visuais, uma continuação da história do homónimo jogo de tabuleiro (inspirado num livro de Chis Van Allsburg) sempre esteve na lista de desejos dos estúdios.

A alternativa acabou por chegar em 2005 com “Zathura: Aventura no Espaço”, que serviu de uma espécie de "spin-off" espacial com sabor de reciclagem (curiosidade, Kristen Stewart integrava o elenco), mas a solução apenas foi desbravada em 2017 com o poder de Dwayne Johnson, ator que é hoje um dos mais curiosos casos de sucesso a apurar e um dos raros de Hollywood a manter uma espécie de "star system" (algo perdido neste consumo desenfreado por formas de entretenimento).

A tal ressurreição chamou-se “Jumanji: Bem-Vindo à Selva” (em jeito de coincidência, também é o título de um dos precoces filme de Dwayne Johnson, aquele de 2003 ao lado de Sean William Scott que se passava na Amazónia) e o jogo de tabuleiro que Robin Williams jogava com uma “gaiata” Kirsten Dunst tornava-se um esboço: o dispositivo passava a ser é uma "vintage" consola semelhante ao Super Nintendo.

O resultado foi um inesperado sucesso da Sony Pictures, com uns impressionantes 900 milhões de dólares em bilheteiras mundiais que criaram para esta saga moribunda um percurso de respeito (mesmo com um “Star Wars” estreado bem próximo da mesma data). E como é lei em Hollywood, sucesso é igual a sequela e assim nos é oferecido, novamente na mesma época natalícia, o chamado “Nível Seguinte”, com os mesmo dados.

Em “Bem-Vindo à Selva”, o ritmo, o elenco e o artificial sentido de aventura guiavam um filme de risco para as extremidades do despreocupado produto, enquanto esta continuação sobrevive à conta de restos.

Os pormenores não adiantam nem avançam no reino do entretenimento fácil e mesmo com aquisições de peso (Danny DeVito, Danny Glover e, por que não, Awkwafina), este novo “Jumanji” é incapaz de superar o registo piloto-automático do argumento, escrito às três pancadas e rodeado dos mais entranhados e cansativos clichés, onde nem mesmo os "gags" disfuncionais e cada vez mais imaturos parecem funcionar.

Fora isso, é mais do mesmo, com um ritmo tremido e por vezes conduzido para uma mensagem "bigger than life" [maior do que a vida] que apenas ganha sentido com o afeto que temos pelos atores veteranos nas suas personagens envelhecidas.

Quanto à estrela, Dwayne Johnson, no registo híbrido da comédia e ação, está como peixe na água ao lado de um sempre exagerado Kevin Hart. Sim, há química, mas falta a isto tudo coração e isso ainda faz sentir mais saudades do filme com Robin Williams...

"Jumanji: O Nível Seguinte": nos cinemas a 12 de dezembro.

Crítica: Hugo Gomes

Trailer:

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