O novo filme de Todd Solondz tem um humor insípido, onde o nonsense combina uma visão mórbida das frustrações da vida. Várias personagens seguem a sua rotina num desespero existencial, perdidos e sem ação. Até que um cão-salsicha entra nas suas vidas e, de uma forma passiva e alienada, acaba por agitar o seu sistema.

No início, uma família suburbana adopta o alongado cão para fazer companhia ao filho de nove anos e ajudar à sua recuperação. Mas com as neuroses e stresses da vida de novo rico induzem o filho a tratar o pobre cão como um humano, o que o leva a ficar doente.

Aqui, Solondz prepara-nos para a premissa existencial do filme e, com um plano longo sobre diarreia do cão, faz-nos passar por vários estados de espírito: surpresa, nojo, humor e compaixão. Quem passar este momento com um sorriso estupefacto na cara está pronto para o resto.

Com os donos a serem apresentados por ordem cronológica, vemos o miúdo, uma jovem veterinária, um professor de escrita e uma mulher idosa a lidarem com o espírito fatalista (que não entendem ser de esperança) trazido pelo único cão salsicha com direito a um "intervalo" cinematográfico.

Aguardem para ver, pois vão sair do cinema a trautear a balada mítica e irónica que encaminha o pequeno cão pelos terrenos de uma América deprimida, refinada de cultura pop, destinada à sua morte. Ou não. Também podem optar por se rir disso.

Crítica: Daniel Antero

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