A mãe (Natascha McElhone) partiu para Londres em busca de uma vida de fama e liberdade; o pai (Dougray Scott) é dono de uma loja de pianos e taxista em part -time, trabalhador afincado e realista, que toma conta de Shay e da doce Alice (excelente casting da irmã mais nova - Anya Mckena Bruce). Até ao dia em que um acidente com um piano o coloca no hospital.

Nesse momento, Shay passa a ser o homem da casa e procura sobreviver, protegendo a irmã, enquanto foge para concertos dos Clash, luta em motins, namora com uma rebelde (Nell Williams) e procura formas de manter a loja do pai: entre elas, conduzir o táxi pelas ruas londrinas.

Estas aventuras ao som de Clash são elevadas por Jonathan Rys Meyers, que no papel de Joe Strummer vai-se cruzando aqui e ali com o perdido Shay, angelicando o seu caminho com sermões de ídolo punk e de irmão mais velho.

Rys Meyers já passou por "Velvet Goldmine" no seu jeito muito Bowie; já foi Elvis com grande pompa; agora é Strummer com os trejeitos físicos e de dicção no ponto, sempre excelente na representação de músicos disruptivos.

Espécie de Billy Elliot punk, "London Town" resvala no cinema social britânico, mas sem as garras de Stephen Daldry ou Ken Loach, pois os motins servem somente de enquadramento e as ideologias das letras prendem-se numa vontade: a de demonstrar o impacto dos Clash na vida das pessoas. Mas aqui é o desabrochar de Shay que vemos vibrar, desde um "London or Die" escrito com raiva ao chamamento a Strummer, invertendo o "London Calling" até à sua loja de música.

Autor: Daniel Antero

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